Estresse acadêmico: o que é e como lidar com ele
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As últimas pesquisas refletem níveis de estresse acadêmico, ansiedade e depressão incomuns entre os jovens, e isso deve nos preocupar a todos.
A incerteza atual e exigir demais
A pressão para passar, para alcançar a excelência, faz com que milhões de jovens se esforcem todos os dias para obter médias universitárias que, muitas vezes, são praticamente inatingíveis. Essa autoexigência, somada à situação de incerteza em relação ao futuro, a fatores endógenos do próprio indivíduo, à sensação de exposição pública nas redes sociais e a outras circunstâncias, faz com que muitos jovens estejam desenvolvendo doenças mentais graves e que a taxa de suicídio juvenil esteja aumentando.Os benefícios de alcançar a excelência
É inegável que ter um histórico brilhante é vantajoso em muitos aspectos. Entre outras coisas, nos dará acesso às melhores bolsas de estudo, estaremos entre os primeiros a escolher estágios e orientadores para nossos trabalhos de conclusão de curso, mestrado ou doutorado. Também nos abrirá portas para trabalhar em equipes de pesquisa dentro da universidade, conseguir estágios remunerados nas empresas de nossa preferência e talvez, se realmente tivermos um histórico muito brilhante, já tenhamos um emprego garantido mesmo antes de obter o eTítulo universitário. É claro que ser o número um de nossa turma tem muitas vantagens, mas a que preço?Vale a pena?
Depende. Vale a pena se formos daquelas pessoas sortudas que gostam de estudar, têm facilidade e conseguem obter as melhores notas com um esforço aceitável. Por outro lado, não vale a pena de forma alguma se estamos prejudicando nossa saúde mental no processo. Um pouco de estresse é normal e até saudável. Mas um estresse que nos faz perder cabelo ou ter palpitações quando estamos descansando não é. Diante de uma situação que nos cause o mínimo alarme, devemos parar e repensar as coisas. Não se trata de uma fase difícil após a qual virá uma vida de sucesso e felicidade. Se não cuidarmos de nossa saúde mental, pode ser que depois não haja nada. Não é se esforçar agora para viver depois. A vida é o que está acontecendo neste momento. Não podemos adiá-la. E sim, devemos nos esforçar para ter um futuro, mas não há futuro que valha tanto a pena a ponto de compensar perder as experiências valiosas da juventude e desenvolver um transtorno de estresse, ansiedade crônica e depressão. Não há dinheiro ou sucesso profissional que possa compensar isso.O que é o estresse acadêmico e como reconhecê-lo?
Esse tipo de estresse ocorre em estudantes quando eles se exigem demais e buscam um histórico que requer muitos sacrifícios ou quando não se sentem capazes de lidar com as demandas da vida estudantil, seja por falta de autoestima, seja por sobrecarga de tarefas (se precisam trabalhar, lidar com problemas familiares, etc.). As manifestações físicas do estresse acadêmico incluem: cansaço, dores de cabeça, bruxismo, dor de estômago, síndrome do intestino irritável, dores nas costas, insônia, perda ou aumento do apetite, taquicardia e resfriados frequentes devido à baixa imunidade. As manifestações psicológicas são falta de vontade, tristeza, ansiedade constante, irritabilidade, problemas de concentração e memória, hiperatividade, angústia e vontade frequente de chorar, desmotivação acadêmica, bloqueio mental e dificuldade em organizar os pensamentos, medo de não ser suficiente ou de não atender às expectativas (próprias ou alheias). E o que acontece quando alguém se sente assim por muito tempo? No melhor dos casos, desiste dos estudos.O que fazer para diminuir nosso estresse acadêmico?
- O primeiro passo é trabalhar com nossas ideias preconcebidas. Ter sucesso e dinheiro pode tornar a vida (supostamente) mais fácil, mas isso não significa que seja boa ou melhor do que outras. Se observarmos com atenção o que está acontecendo ao nosso redor, veremos que tudo o que funciona bem está em equilíbrio, e é isso que devemos buscar: um equilíbrio entre nosso esforço, nosso lazer, nossa saúde, nosso presente e nosso futuro.
- Encontrar algo que gostamos e trabalhar nele com paixão não implica, de forma alguma, desenvolver estresse crônico, e é por isso que, se percebermos que nossa saúde mental está sendo afetada, devemos reduzir um pouco nossas expectativas e autoexigência para um nível mais humano. A maioria das pessoas não teve notas máximas e ainda assim encontraram empregos e construíram um futuro.
- Não podemos controlar tudo. Podemos nos esforçar muito e algo dar errado em uma prova ou um professor pode ser injusto conosco. Muitas coisas podem acontecer, mas a raiva por não ter obtido os resultados que esperávamos não pode se estender no tempo nem se tornar um diálogo interno em que nos criticamos por não termos feito melhor.
- É necessário que aprendamos a cuidar de nós mesmos, pois ninguém o fará por nós. Ter uma alimentação saudável, não consumir café ou outros estimulantes em excesso, fazer exercícios regularmente, dormir 8 horas por dia e ter uma rotina são pequenas coisas que nos ajudarão a nos sentir melhor.
- Quanto mais cedo desenvolvermos uma boa tolerância à frustração, melhor, pois a vida está cheia de pequenos obstáculos que podem nos amargar mais do que o necessário se não formos capazes de superá-los.
- Saber pedir ajuda é essencial. Se percebermos que o estresse acadêmico está fugindo do nosso controle, devemos procurar um profissional. Fariamos o mesmo se quebrássemos uma perna ou tivéssemos apendicite. Subestimar as doenças emocionais também pode ser fatal.