Começamos a graduação com a mente focada no objetivo: terminá-la e encontrar um bom emprego, mas quando o momento se aproxima, surge o medo de se formar. Um relacionamento sério
No primeiro ano da faculdade, tudo é estranho, é preciso se acostumar com a nova forma de estudar, com as aulas mais lotadas, com a idiossincrasia universitária e algumas pessoas até precisam se adaptar a uma mudança de residência e a uma nova cidade. Começar é emocionante e assustador e muitas outras coisas boas e ruins, mas temos em mente aquilo que faremos quando terminarmos. Há muitas emoções nessa nova fase e nessa sensação de estar criando o nosso futuro, mas essas metas iniciais vão se diluindo à medida que os anos passam. Não é que se percam, é que elas são enterradas sob exames, trabalhos, aulas... Fazer uma graduação vai nos levar no mínimo quatro anos de nossa vida e, nesse tempo, adquiriremos novos hábitos, conheceremos pessoas diferentes, viveremos muitas experiências pela primeira vez, então quando o fim se aproximar, e por mais que queiramos nos formar e obter nosso
eTítulo universitário, saberemos que será o fim de uma fase muito importante e que teremos que nos aventurar no desconhecido.
Finais complicados
Podemos, aqueles que podem, fazer outro curso, um mestrado, um doutorado e continuar prolongando a época de estudante como uma bala de goma, mas muitos não querem ou não podem se dar ao luxo de fazer algo assim. E chegará um momento em que teremos que correr atrás da nossa vida. Façamos o que fizermos ao terminar a graduação, quando chega o último ano, a sensação generalizada é essa empolgação de terminar e, ao mesmo tempo, um medo de se formar que pode até nos gerar ansiedade. Os finais sempre causam certo angústia, por mais que os desejemos. É normal nos sentirmos um pouco apreensivos ao terminar uma fase de nossas vidas, e ainda mais se for uma fase tão importante como a de estudantes. Se pararmos para pensar, nunca conhecemos outra coisa: nunca estivemos sem estudar desde que começamos na escola primária. Diante de algo tão estranho como não ter que fazer isso nunca mais, é lógico que sintamos esse medo de se formar tão comum. O que podemos fazer?
Aceitar as emoções
Quando o medo de se formar começa a surgir, devemos aceitá-lo e entendê-lo. É normal e é assim que devemos encará-lo. Se for apenas um pequeno medo que está dentro dos parâmetros normais, não devemos nos preocupar. Diante de uma mudança tão importante em nossas vidas, é lógico sentir algo, não permanecer indiferente.
Conversar com colegas
Se o medo de se formar surgir, é bom conversar sobre isso com alguém que esteja na mesma situação ou com nossos entes queridos, mas desde que essas pessoas não minimizem a importância ou ridicularizem nossos sentimentos. Conversar sobre isso com pessoas empáticas vai nos ajudar. Também com pessoas que passaram pela mesma situação ou que gostam do seu trabalho, para que possam nos contar como é o dia a dia e perder o medo de entrar no mercado de trabalho.
Relativizar
Quando o medo de se formar estiver nos fazendo dar muitas voltas na cabeça, devemos parar e
relativizar. O que está acontecendo conosco acontece com quase todo mundo e é apenas mais uma fase da vida de qualquer pessoa. Alguns abandonam os estudos antes e outros depois, e está tudo bem. Há pessoas que abandonam para nunca mais pisar em uma sala de aula e outras que continuam se formando ao longo da vida. Pessoas que voltam a estudar após muitos anos e pessoas que não querem mais saber de pegar um livro. É apenas o fim de um ciclo, mas não o fim da vida.
Quando o medo de se formar deve nos preocupar?
Quando estiver nos causando um nível alto ou muito alto de ansiedade ou quando percebermos que estamos nos boicotando. Se a ansiedade pelo que está por vir ou pelo que vamos deixar para trás estiver aumentando, devemos consultar um profissional de psicologia e seguir suas instruções. O medo de se formar mal direcionado também pode fazer com que, querendo ou não, comecemos a procrastinar mais do que o normal, a deixar matérias para os próximos anos, a não terminar trabalhos importantes e coisas do tipo. O último ano da faculdade não é o momento mais indicado para deixar coisas pendentes, principalmente porque no ano seguinte estaremos em um estranho limbo, com um pé em cada lugar: não poderemos nos dedicar completamente ao mundo do trabalho (porque nos faltará o diploma) e não aproveitaremos a vida universitária, pois iremos a poucas aulas e estaremos cercados de estranhos. Se estivermos nos sabotando de propósito para não enfrentar o medo de se formar, devemos parar, respirar fundo e aceitar que chegou a hora. Com certeza, uma vez que deixarmos para trás a fase universitária, veremos que nos assustamos à toa.